A premiada jornalista caiçara Patricia Palumbo realizou uma palestra inesquecível na noite desta terça-feira (7) no Aquário de Ubatuba. O ótimo público presente no auditório não resistiu às boas histórias e ao entusiasmo típico da jornalista. Previsto para durar 1 hora e meia, o bate-papo se alongou por mais de 2 horas.
Patricia Palumbo contou sua trajetória desde o início, em São Sebastião, quando apresentava um programa de música sertaneja em troca de um horário para comandar o “Baleia Azul”, programa pioneiro que misturava sons da natureza com músicas e informações sobre o meio ambiente.
Inspirada por Jacques Cousteau, Patricia percebeu que era possível usar a comunicação, mais precisamente o jornalismo, para semear conteúdos que despertassem a curiosidade das pessoas com relação aos desafios do meio ambiente. Na época, começo dos anos 90, a jornalista gravava, ainda em K7, entrevistas e declarações de profissionais do meio ambiente que encontrava em suas andanças por praias e trilhas. Foram 5 anos à frente desse trabalho.
O programa evoluiu e Patricia tornou-se correspondente no Litoral Norte da Rádio Eldorado, de São Paulo, produzindo reportagens sobre ecologia. Seu diferencial foi entender, desde muito cedo, a importância de traduzir conteúdos técnicos para uma linguagem coloquial, que permitisse a um público mais amplo a absorção de temas como reciclagem, resíduos sólidos, sustentabilidade, entre outros. Temas que, atualmente, estão na boca de todos, mas que há duas décadas ainda eram considerados restritos aos “ecochatos”.
Eloquente, Patricia cativou os presentes à palestra, narrando sua trajetória pessoal de 32 anos no jornalismo e nas causas ambientais. A vasta carreira inclui a presidência, durante anos, do Projeto Albatroz, organização da qual é Presidente de Honra. Recebeu o prêmio Docol de 2007 por uma reportagem sobre a água, além de três prêmios da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) por seu trabalho com a música. Foi finalista do prêmio Cláudia 2008, na categoria Cultura. Lançou dois livros de entrevistas com nomes fundamentais da música popular brasileira. Foi a criadora do programa Vozes do Brasil, que ficou 17 anos no ar pela Eldorado FM. Atualmente, está à frente do Rádio Vozes, projeto que oferece uma programação multicultural de rádio online.
Defensora das mídias alternativas, Patricia defendeu em sua fala o uso da internet para a propagação de conteúdos bem elaborados e citou o potencial que a rede tem de mobilizar todas as vozes, transformando os desafios do meio ambiente em pautas cada vez mais comuns. “Preservação não é nostalgia. É necessário”, afirmou.
Ao fim da palestra, a jornalista abriu espaço para as perguntas da plateia, momento em que foi possível perceber o alto grau de envolvimento das pessoas. Foram inúmeras perguntas, que giraram em torno de temas sensíveis à sociedade, como o conservadorismo das políticas públicas ambientais, a mobilização dos jovens, turismo sustentável e muitos outros assuntos.
Patricia foi aplaudida de pé e agradeceu ao bom público presente, que apesar do frio e da chuva se dispôs a participar de um ambiente democrático, de debate e de geração de ideias. A jornalista segue cumprindo o seu papel de dar voz a muitas vozes na defesa do meio ambiente.
O evento fez parte da III Semana do Mar, realizada por Aquário de Ubatuba, Projeto Tamar e Prefeitura Municipal de Ubatuba.